domingo, 19 de dezembro de 2010

Reportagem



sexta-feira, 12 de novembro de 2010 9:17

Conversas têm de começar após os 2 anos

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC

- De onde eu vim?
- Você veio da barriga da mamãe.
- Mas como eu entrei aí?
- A mamãe e o papai namoraram bastante e então você chegou.
Esse diálogo entre pais e filhos deveria ser comum, mas muitas vezes falar sobre sexo com crianças é algo que os responsáveis não fazem, ou fazem de maneira tardia. A avaliação é da psicóloga Maria Regina de Azevedo, da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).
A especialista acredita que a formação da sexualidade das crianças começa na família. "A escola pode ajudar nesse processo, mas se os pais não conversam com os filhos, episódios como esse acontecem", diz, referindo-se à escola estadual Professora Mércia Artimos Maron, em Diadema, na qual os meninos cometeram atos constragedores em sala de aula.
Nas escolas da rede estadual, a capacitação dos professores para lidar com o tema é voltada à prevenção de gravidez na adolescência, uso indevido de drogas e doenças sexualmente transmissíveis. O restante fica restrito aos aspectos fisiológicos das aulas de biologia.
Maria Regina explica que a sexualidade nasce com os bebês, mas começa a se manifestar de maneira mais intensa por volta dos dois anos. "É nesse momento que a criança percebe as diferenças entre masculino e feminino, quer olhar e tocar o coleguinha e começa a perceber seus próprios órgãos genitais", afirma. Para a psicóloga, é importante iniciar as conversas nesse período.
Quando surgir uma pergunta constrangedora, nada de dizer que o filho nasceu do pé de repolho ou foi trazido pela cegonha. "A criança sabe que aquilo não é verdadeiro e recorre a outros meios de obter a informação, com irmãos, primos ou amigos mais velhos e na televisão e internet, que não ensinam da maneira correta", alerta.
BANALIZAÇÃO - A descoberta do sexo começa cada vez mais cedo devido ao acesso facilitado às informações, tanto para meninos quanto para meninas. "A família não tem forças para lutar contra o poder da internet e da televisão, por mais que imponha limites. A mídia banalizou o sexo", explica a doutora em psicologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Blenda de Oliveira.
Para a especialista, as mudanças hormonais que ocorrem na fase da pré-adolescência também podem contribuir para comportamentos desse tipo. "Os meninos querem mostrar sua potência diante das meninas, mas os pais precisam impor limites. Não é só questão de sexo, e sim de comportamento", opina.
Integrante do Nepsar (Núcleo de Estudo e Pós-Graduação em Sociopsicodrama ABC e Região), que oferece cursos de educação sexual para professores e profissionais de saúde, a psicóloga Madalena Rehder destaca que exibir o corpo é uma forma de chamar a atenção para outros problemas. "Nesses casos, discutir ou bater não adianta. O diálogo é o melhor caminho", afirma

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